"Não quero saber do lirismo que não é libertação"
Poética
Manuel Bandeira

Uma noite fria e estranha

>> terça-feira, 15 de junho de 2010

Antes mesmo do incidente que relatei abaixo esta noite já estava estranha, me sinto estranho. Não sei se foi a má apresentação da seleção brasileira, não sei se são as lembranças da última Copa do Mundo que assisti junto a bons amigos (alguns que já não são mais tão amigos assim, ou pelo menos cessaram de se considerar meus amigos) que sinto muita falta.

Pode ser o frio, mas digitando no lap top debaixo de um edredom como estou a fazer o frio é até gostoso, na tevê passa um belíssimo jogo de basquete, jogo seis da série final da NBA, entre Lakers e Celtics. Ainda que eu tenha uma predileção pelo time de Boston que está enquanto traço essas linhas tomando 20 pontos dos Lakers, mas não sei se é isso.

Pode ser uma reação tardia ao término de um relacionamento breve que tive (que terminou antes do tempo e que restou um carinho), mas não creio que é isso. Apesar de que está sozinho às vezes é uma merda! (desculpem a linguagem, mas é). Agora tem horas que é bom demais.

Estou assim estranho nos últimos dias, estou produtivo, as coisas em casa estão em paz, até a saúde que esse ano ando meio ruim está excelente. Acho que essa sensação estranha, que sou incapaz de definir é uma saudade extremada, talvez aquela que os poetas tanto falam, talvez seja a saudade que foi tão bem cantada pela Amália Rodrigues (com suas letras e sua voz) ou mesmo aquela tristeza doce de uma canção de Edith Piaf.

Acho que o que me falta mesmo é sentar no Libannus tomar alguns chopes com meus amigos e rir, talvez seja isso, estou a sentir falta de rir. Realmente é uma noite fria e estranha. 

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Carros, bicicletas. Direção e confusão

Agora a pouco fui a um hipermercado aqui perto de casa (sim em Pirapora agora há um hipermercado) numa das raras avenidas desta aprazível cidade que possuem ciclovias, sem dúvidas um avanço já que o método de locomoção mais comum da população local é a bicicleta.

Elas dominam as vias, seus condutores não têm o mínimo respeito pelas regras de trânsito. Trafegam na contra-mão, formam verdadeiros paredões que obstruem as vias enquanto conversam animadamente indiferente aos carros, impertinentes, que pretendem trafegar nas vias asfaltadas. É certo que há uma tensão nesse convívio aqui, distinto do que há nas cidades maiores como Brasília, como por exemplo, onde motoristas colocam a vida de ciclistas por que trafegam em altíssima velocidade, por vezes avançando sobre os acostamentos ou sobre os atletas que treinam nas estradas.

Mas, volto a minha história aqui no interior onde algumas realidades são distintas, quando estava perto da entrada do hipermercado sinalizei a entrada a esquerda, três moças vinham pela ciclovia e assumi que elas parariam na entrada do mercado no exercício da prudência, da auto-preservação. Contudo, não foi o que ocorreu e quase ocorreu um acidente quando entrei, por que também fui imprudente, afinal deveria ter assumido que elas não parariam, primeiro por que é o mais correto – direção defensiva – e pelo histórico dos condutores de bicicleta daqui.

O entrevero, graças a Deus, não teve maiores conseqüências além de um susto que compartilhei com as moças, um daqueles sinais de alerta para nos lembrar da responsabilidade que é conduzir um veiculo automotor, mesmo por que é dever do veículo maior proteger o menor.

Uma das moças veio em minha direção no estacionamento do hipermercado, creio que para tirar satisfação, talvez para exorcizar seu susto. Contudo, ao ouvir meu pedido de desculpas em um tom de voz calmo, educado e baixo. Ela não teve a chance de “desopilar o fígado” e ficou desconcertada por que esperava o bate-boca. E tentou uma lição de moral, dessas um tanto patéticas, mas acho que ela precisava disso, não refutei, afinal creio que errei.

Não sei se elas algum dia leram essas linhas que são de uma auto-análise sincera de um momento de distração que poderia ter sido grave, mas o interessante foi que a mesma moça que tanto se indignou comigo, e se desconcertou com meu pedido de desculpas, tanto que esperou minha saída da loja, para tentar novamente uma bronca. O que ela não teve sucesso e depois disso tudo, elas saíram do mercado conversando lado a lado na avenida, provavelmente a me xingar de tudo quanto é nome, ignorando a ciclovia.

Achei irônico e uma ironia bem cotidiana. Tão preocupadas em me repreender acabaram a se expor ao perigo, mas uma mostra que é preciso antes de tudo cuidar de si mesmo. Antes de querer se ocupar dos outros. Egoísmo? Não. Sobrevivência da espécie.


Uma última nota dirigir em Pirapora exige um grau elevado de paciência com as bicicletas e pedestres que ocupam as vias. 

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